- Quando é que começou a praticar desporto de alta competição? Porquê?
Comecei a praticar basquetebol em cadeira de rodas em 1995, em 2001 fui convocado para estágios e torneios para a nossa selecção, em 2003 atletismo em cadeira de rodas, porque gosto de fazer sempre mais e melhor, aqui no atletismo depende só do meu trabalho e não de outros atletas.
- Fê-lo por paixão ou porque foi um meio de mostrar que também na diferença se consegue vencer?
Pelas duas, paixão porque sempre pratiquei desporto e para mostrar também as pessoas ditas normais que o impossível só é aquilo que não queremos fazer.
- Em que classe compete? Qual é o seu tipo de deficiência física?
Estou a competir na classe T53, sou paraplégico.
- Trata-se de uma deficiência com a qual nasceu ou surgiu mais tarde?
Surgiu mais tarde, aos 18 anos após uma cirurgia a coluna.
- Quantas horas diárias treina? Quais os principais cuidados que tem com a sua alimentação?
Depende da época do ano, se tiver a treinar para provas de velocidade treino entre 2 a 3 horas diárias 6 dias por semana, para provas de meio fundo treino por volta das 2 horas diárias 6 dias por semana.
- Entre os principais resultados desportivos que obteve, até ao momento, qual/quais destaca? Porquê?
A primeira vez que fui campeão nacional, embora a concorrência não seja muita.
E a minha tentativa concretizada bem recentemente - o Recorde do Guinness - pelo que estava associado a esta prova e pela sua cobertura é sem dúvida um dos dias que jamais irei esquecer.
- Dedica-se exclusivamente ao atletismo ou possui uma profissão em paralelo?
Sim dedico-me só ao atletismo e a actividades ligadas ao mesmo, isto é; treinos, provas e acções de sensibilização em escolas por todo o país.
- Como são as suas condições de treino?
As condições são boas, moro a 5 minutos da pista onde treino, tenho uma treinadora (Eduarda Coelho) que é 5 estrelas e me apoia muito.
- Com que apoios conta?
Tenho um patrocinador, Parques do Mondego Imobiliária S.A. que suporta as minhas despesas anuais para as provas.
E tenho também a TiSport Nutrição Desportiva, que me dá todos os suplementos que necessito.
- Nos Campeonatos do Mundo em Lisboa quais as suas impressões sobre o percurso?
O percurso é muito bom, tirando aquela parte do pavimento que não está nas melhores condições, se a organização conseguisse solucionar esse pormenor seria um percurso perfeito.
- E sobre a Organização?
A organização tem vindo a fazer um bom trabalho embora se possa sempre melhorar.
- Na sua opinião quais as medidas a tomar em futuros eventos nesta cidade?
Conseguir um melhor pavimento para o percurso da prova, e da parte da comunicação social, que comecem a olhar para nós como atletas pois a nosso empenho e dedicação acho que merece um pouco mais de acompanhamento.
- Concorda com a pretensão do sul africano Óscar Pistorius que deseja participar nos Jogos Olímpicos, apesar de ser amputado das duas pernas e correr com próteses extremamente leves e aerodinâmicas?
Não.
- Que mensagem quer deixar para todos os que lêem esta entrevista?
Que pratiquem desporto, e se conhecerem alguma pessoa com deficiência que os incentivem a fazer o mesmo.
Caso tenham um amigo deficiente que queira praticar desporto e não saiba como começar, podem contar com o meu apoio para ajudar no que me for possível.