62.º Open de Portugal at Royal Óbidos - Maior participação de sempre em Royal Óbidos
156 jogadores, com estrelas do DP World Tour, sete dos dez primeiros do Challenge Tour, 9 campeões de torneios em 2024, dois antigos campeões e o aumento de portugueses em prova para 15
A 62.ª edição do Open de Portugal at Royal Óbidos destaca-se pela maior lista de participantes desde que a prova da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) passou a ser realizada no campo desenhado pelo saudoso Seve Ballesteros, em 2020.
Nesse ano, marcado pelo contexto de pandemia da COVID19, foram 120 jogadores, elevando-se esse número para 132 em 2021 e 144 em 2022 e 2023.
Em 2024 serão 156 jogadores, recuperando o número das edições realizadas no Morgado Golf Resort, no Algarve, entre 2017 e 2019.
O Open de Portugal realiza-se de 12 a 15 de setembro, com o sempre concorrido Pro-Am a decorrer já amanhã (dia 11), no Royal Óbidos Spa & Golf Resort.
É o mais importante torneio de golfe português e um dos mais antigos no calendário europeu de competições dedicadas a profissionais, datando de 1953.
Este ano distribui prémios monetários no valor de 270 mil euros e atribui pontos para o ranking do Challenge Tour (Corrida para Maiorca), para o Ranking Mundial de Profissionais e para o Ranking Mundial de Amadores.
Quando em 1972 nasceu o European Tour (atualmente DP World Tour) o torneio da FPG foi um dos fundadores.
Não se realizou entre 2011 e 2016 por falta de financiamento, mas foi recuperado em 2017 e, desde então, tem voltado a desempenhar um papel essencial no programa de desenvolvimento do alto rendimento no golfe nacional.
A aposta do Challenge Tour em trazer de novo tantos jogadores a Portugal em 2024 é mais um indicador do prestígio de que o torneio goza, razão pela qual, após as dificuldades sentidas no ano passado para mantê-la viva, todos os parceiros uniram esforços para que pudesse sobreviver em 2024.
«Um dos grandes objetivos para 2024 era realizar o Open de Portugal at Royal Óbidos, pois a redução do apoio do Estado, no ano passado, em cerca de 80 mil euros, poderia ter condicionado definitivamente a realização da prova este ano. Contudo, com o reforço do apoio de Royal Óbidos e do European Tour, bem como um trabalho de captação e reforço dos parceiros do Open, foi possível a sua concretização. Foi muito difícil, esteve em risco, mas aqui estamos», disse o presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa.
«É o único (grande) evento profissional realizado em Portugal e deve ser objetivo de todos reforçar o número de grandes eventos de golfe em Portugal, pois o peso que o setor tem na economia nacional não pode continuar a ser ignorado. De acordo com números avançados pelo presidente do CNIG (Conselho Nacional da Indústria de Golfe), Nuno Sepúlveda, o impacto do golfe na economia portuguesa já ascende aos 4.000 milhões de euros. Na FPG, tudo faremos para voltar a ter torneios no DP World Tour, no Ladies European Tour, em circuitos satélites ou outros de grande dimensão, que deem a conhecer ao mundo os nossos campos e o nosso país», acrescentou Miguel Franco de Sousa.
Neste 62.º Open de Portugal, à quantidade alia-se a qualidade. Há um ano apresentou-se, provavelmente, a melhor a melhor edição de sempre enquanto evento do Challenge Tour (segunda divisão do golfe profissional europeu), com oito dos jogadores do top-10 da ‘Race to Mallorca’.
Em 2004 ficou-se perto, com sete dos membros dessa elite, e só não se repetiu o oitavo porque o dinamarquês Rasmus Neergaard-Petersen subiu ao DP World Tour (primeira divisão europeia) no Domingo passado e já não faz sentido continuar a competir no Challenge Tour.
Como salientou, esta manhã, a agência LUSA, «o destaque (vai) para o experiente inglês John Parry, 2.º colocado na ‘Road to Mallorca’, o ‘ranking’ da segunda divisão do golfe europeu, que já conquistou dois títulos esta temporada, no Deli Challenge e no Blot Open da Bretanha. Além do britânico, de 37 anos, o único torneio português pontuável para o Challenge Tour vai contar com a participação do dinamarquês Hamish Brown, 4.º na ‘Road to Mallorca’, do espanhol Joel Moscatel (5.º), do sueco Mikael Lindberg (6.º), do sul-africano Robin Williams (7.º), do francês Alexander Levy (8.º) e do inglês Jack Senior (10.º)».
O n.º2 do ranking do Challenge Tour, o inglês John Parry, é um de dois jogadores em Óbidos que já venceram dois títulos esta época. O outro é o espanhol Joel Moscatel. Esse aspeto é importante porque um terceiro troféu em 2024 irá automaticamente catapultá-los para o DP World Tour, a primeira divisão europeia. Ainda na semana passada foi isso que sucedeu com o dinamarquês Rasmus Neergaard-Petersen. Ao ganhar na Alemanha o Big Green Egg German Challenge powered by VcG, ascendeu logo à primeira divisão do golfe europeu.
Esse feito, de ser tricampeão numa mesma época no Challenge Tour, não era concretizado desde 2017 e o sucesso do escandinavo deverá elevar ainda mais a motivação de Parry e Moscatel para fazerem o mesmo. O inglês Parry conquistou o Delhi Challenge em março (na Índia) e o Blot Open Brétagne em junho (França), enquanto o espanhol Moscatel impôs-se no Challenge España em maio e no Le Vaudreil Golf Challenge em junho (França).
O Open de Portugal at Royal Óbidos contará com nove jogadores que já venceram um total de 11 títulos dos 22 torneios já realizados em 2024 no Challenge Tour. Será uma cimeira de campeões!
Para além dos já referidos John Parry e Joel Moscatel, surgem também os nomes de Rhys Enoch (País de Gales), vencedor do SDC Open, na África do Sul, em fevereiro; Bjorn Akessan (Suécia), o primeiro no NMB Championship, na África do Sul, em fevereiro; Mikael Lindberg (Suécia), que se superiorizou no Bain’s Whisky Cape Town Open, na África do Sul, em fevereiro; Jonathan Goth-Rasmussen (Dinamarca), o melhor no Challenge de Cádiz, em Espanha, em junho; Hamish Brown (Inglaterra), o vencedor do Kaskáda Golf Challenge, na Chéquia, em junho; Frank Kennedy (Inglaterra), que se impôs no Euram Bank Open, na Áustria, em julho; e Christopher Blomstrand (Suécia), que levou a melhor no Vierumaki Finnish Challenge, na Finlândia, em agosto.
Note-se que Frank Kennedy venceu o Campeonato Internacional Amador de Portugal, no Montado Hotel & Golf Resort, em 2022. Aliás, falando de provas amadoras de elite, é de referir que Óbidos captou a presença de seis jogadores que foram campeões europeus: os italianos Luca Cianchetti (2016) e Stafano Mazoli (2015), dos ingleses Alfie Plant (2017) e Ashley Chesters (2013 e 2014), o francês Benjamin Hérbert (2007) e o austríaco Christian Bring (2021).
É igualmente importante frisar a presença de dois campeões do Portugal Masters e de outros dois vencedores deste mesmo Open de Portugal. O Portugal Masters (2007-2022) era a grande competição portuguesa no DP World Tour e já não se realizou em 2023 por falta de financiamento.
Ora o espanhol Álvaro Quíros e o francês Alexander Lévy venceram esse prestigiado evento algarvio em 2008 e 2014. Ambos regressam agora para o Open de Portugal. Nunca um campeão do Portugal Masters venceu o Open de Portugal.
Também dois antigos vencedores do Open de Portugal estrão de volta este ano e ambos franceses: Pierre Pineau, em 2022, já como prova do Challenge Tour, em Óbidos e Grégory Bourdy, em 2008, ainda como competição do European Tour, no Oitavos Dunes, em Cascais.
Bourdy já pouco compete e tê-lo na lista de participantes é basicamente uma questão de notoriedade. Mas Pineau tem sido uma das figuras da época. É o 15.º na Corrida para Maiorca e tentará esta semana tornar-se no primeiro jogador a vencer por duas vezes o Open de Portugal desde que o inglês Paul Broadhurst triunfou em 2005 e 2006.
Pineau é um dos candidatos a qualificar-se para o último torneio do ano e a subir de divisão no final da época.
Óbidos acolhe a 23.ª etapa do circuito, de um total de 29 provas. Como de costume, só depois da Rolex Challenge Tour Grand Final Suported by the R&A, de 31 de outubro a 3 de novembro, em Maiorca, é que ficarão definidos os 20 jogadores que irão subir à primeira divisão europeia. E só poderão jogar nessa Grande Final os primeiros 45 do ranking. Nesta altura do ano, a maioria dos 156 participantes só pensa nisso – em estar nas Baleares espanholas no final de outubro.
Nesta elevada qualidade de jogadores do 62.º Open de Portugal poderemos incluir alguns dos jogadores portugueses. Entre os 156 participantes, há 15 portugueses e este ano voltamos a ter amadores e não apenas profissionais, o que é fundamental para o desenvolvimento da modalidade no nosso país.
«Voltar a ter amadores é um motivo de grande satisfação e está inserido na estratégia que temos para o desenvolvimento desportivo. Queremos que os nossos melhores amadores possam avaliar o seu rendimento desportivo com aqueles que são a referência na etapa seguinte das suas carreiras. Não queremos que esta participação seja apenas um prémio, mas sim uma etapa num processo específico de desenvolvimento dos atletas», sublinhou o presidente da FPG.
«Pudemos também voltar a ter um contingente português muito interessante, pois não houve a necessidade de vender tantos lugares como no ano passado para fazer face à perda de receita. É muito importante a realização desta prova para os atletas nacionais, pois permite-nos concretizar calendários no Challenge Tour aos atletas que não tenham categoria neste circuito», acrescentou Miguel Franco de Sousa.
Pedro Figueiredo, Ricardo Santos e Tomás Melo Gouveia entraram diretamente no no lote de participantes.
Ricardo Santos é um dos três únicos portugueses a terem conquistado um título do European Tour/DP World Tour, a par de Filipe Lima e Daniel Silva. Só o norte-irlandês Michael Hoey venceu o Open de Portugal e o Madeira Islands Open BPI. Ricardo Santos, campeão na Madeira em 2012, poderá ser o segundo a fazê-lo.
Figueiredo e Santos, os dois últimos campeões nacionais absolutos, são até jogadores do DP World Tour. Figueiredo está em forma e alcançou recentemente o seu primeiro top-5 na primeira divisão europeia, no Danish Golf Championship. No ano passado veio ao Open apenas como caddie do amigo João Pinto Basto – que, entretanto, decidiu encerrar a carreira –, mas este ano regressa a um torneio em que foi 8.º em 2018.
Os convites à disposição da FPG foram atribuídos aos profissionais Pedro Lencart, Pedro Almeida, Vítor Lopes, Hugo Camelo Ferreira, Vasco Alves, Alexandre Abreu e Tomás Bessa, bem como aos amadores José Miguel Franco de Sousa, Afonso Oliveira, Diogo Rocha, João Pereira e Miguel Cardoso. Os amadores farão a sua estreia na prova.
Entre os profissionais, merece destaque o regresso à competição de Tomás Bessa, após uma paragem prolongada devido a lesão. Bessa foi um dos animadores da edição de 2022, na qual lutou pelo título e terminou em 6.º, tal como Vítor Lopes que, em 2020, na primeira vez que o Open veio a Óbidos, foi 7.º classificado e andou na liderança nos três primeiros dias. O Open de Portugal nunca foi ganho por um português. Será em 2024?
Fotos: Rodrigo Gatinho/FPG