Tudo parecia apontar para um final de jornada sem acontecimentos de maior no Lisboa Racket Centre, onde se joga a segunda etapa do Circuito Sénior da Federação Portuguesa de Ténis, mas Hugo Maia tirou uma carta da manga para protagonizar uma recuperação surpreendente e concretizar a melhor — e mais especial — vitória da carreira, contra o “ídolo” Gastão Elias.

O jogador do Clube de Ténis de Braga ficou de fora das contas finais do grupo ainda antes do encontro se concluir, porque precisava de vencer em dois sets, mas foi a tempo de fazer um “brilharete”: depois de perder nove dos 10 primeiros jogos, assumiu o papel de líder e venceu sete consecutivos para iniciar a recuperação frente ao ex-top 60 do “ranking” mundial, que deixou de conseguir dominar o encontro e se deixou afetar pelas fortes e constantes rajadas de vento, mas também pela persistência do adversário.

Determinado a aproveitar a ocasião, como declarou na entrevista pós-encontro, Hugo Maia conseguiu soltar o seu jogo a partir da segunda metade do segundo “set” e fez uso da pancada de direita que o caracteriza para criar várias dificuldades a Gastão Elias, que apesar de ter voltado a dar réplica no terceiro parcial, não conseguiu ser melhor nos tão importantes detalhes do “tie-break”. 1-6, 6-3 e 7-6(4) foi o resultado final favorável a Maia, que se despede com uma experiência inesquecível.

“Não estava de todo à espera. Estou super contente, nem consigo dizer nada, estou mesmo muito feliz. Como já tinha dito, o Gastão Elias a nível nacional é o meu ídolo”, começou por dizer o jovem tenista de 19 anos na entrevista rápida à Sport TV. “Estive a perder por 6-1 e 3-0. Entrei muito nervoso, só pensava que estava a jogar contra o Gastão, mas no segundo set pensei ‘estou aqui, tenho de desfrutar do jogo e dar o meu melhor’. Ele também cometeu mais erros e eu aproveitei-os”, referiu, já numa análise ao encontro que considerou, sem hesitações, “o momento mais alto da minha carreira.”

A derrota no encontro de estreia significa que Gastão Elias está obrigado a derrotar Luís Faria no derradeiro encontro do Grupo 3 em duas partidas para seguir para as meias-finais. Caso contrário, será o jovem vimaranense a carimbar o acesso.

Esta quinta-feira também foi dia de estreia para João Sousa. De regresso ao clube que serviu de palco a muitos dos últimos treinos de preparação para o regresso à competição em solo português, o número um nacional e 66 ATP colocou um ponto final em mais uma semana memorável para o jovem Tiago Torres, que há oito dias já tinha jogado contra Gastão Elias e esta quinta-feira, mesmo não conseguindo um resultado tão significativo no marcador (6-2 e 6-1), deixou boas impressões dentro do “court”.

“Tive uns dias livres depois de Vale do Lobo para tentar melhorar o meu jogo e hoje comecei bem e joguei a um bom nível. Apesar de não ter jogado bem sinto-me em forma. Há coisas a melhorar e espero fazê-lo nos próximos dias”, referiu o número um nacional depois de entrar com o pé direito neste torneio.

Quanto a João Sousa, tem marcado um duelo decisivo com João Monteiro. A situação é comum ao Grupo 2 (Frederico Silva e Nuno Borges discutem o apuramento) e ao Grupo 4 (em que Tiago Cação e Duarte Vale medem forças no encontro que vale a passagem às meias-finais).

No torneio feminino destacaram-se quatro jogadoras saídas da fase de qualificação: a primeira a vencer foi Inês Oliveira, que superou Madalena Amil por 6-3 e 6-2 e vai discutir a passagem com a primeira cabeça de série, Francisca Jorge. Depois, seguiram-se os triunfos de Mariana Campino contra Matilde Jorge (6-3, 4-6 e 6-1), Débora Madile (6-7[7], 6-3 e 7-5 sobre Sara Neto) e Matilde Morais (que derrotou a “lucky loser” Maria Santos por 7-6[2] e 6-1).

Texto - Gaspar Ribeiro Lança

Fotos - Beatriz Ruivo