Nelson Piquet Jr. ou, simplesmente, Nelsinho Piquet, é filho de uma das maiores lendas vivas da Fórmula 1. Com 22 anos de idade, estreou-se, este ano, no grande “circo”. Eis a entrevista exclusiva que concedeu ao nosso site:
- Quando guiou pela primeira vez um carro?
Comecei a correr em karting, quando tinha oito anos.
Vivia na Europa com o meu pai e, depois, mudei-me para o Brasil e foi quando comecei a competir nos karts.
Fiz isso até aos quinze anos.
Desde o começo que era louco por carros - era a única coisa que eu queria fazer.
- O que é que se lembra da sua primeira competição?
Só me lembro que, desde logo, senti-me apaixonado pelas corridas e pelos carros.
Queria passar horas no circuito com os meus mecânicos, queria lá ficar até ser noite, naquele ambiente, aprendendo o máximo possível sobre os carros.
Tive um mecânico que trabalhou comigo desde os karts até aos meus dezassete anos de idade.
Ganhámos o campeonato britânico de Fórmula 3 e eramos uma verdadeira família.
Foram dos melhores momentos que eu me lembro.
- Fale-nos um pouco da sua carreira.
Corri nos karts, até conseguir participar no campeonato sul-americano de Fórmula 3, que ganhei no segundo ano.
Então levámos a Piquet Sports para o Reino Unido para competir no campeonato britânico de Fórmula 3, o que foi uma decisão muito importante; em vez de ir para uma equipa já estabelecida, levei o meu engenheiro e dois mecânicos do Brasil e desenvolvemos uma por nossa conta.
Essa difícil decisão teve a sua compensação, porque ganhei o campeonato no segundo ano.
Depois disso, a Piquet Sports mudou-se para o GP2 e aí permaneci durante dois anos.
O primeiro ano foi muito difícil, porque tivemos muitos problemas e falhas mecânicas, mas, na segunda época, tive alguns bons resultados e lutei até à última prova, pelo título, com o Lewis Hamilton.
Terminei em segundo, mas, durante esse ano, tivemos uma luta brilhante.
Tornei-me no primeiro piloto a ter um fim de semana perfeito, com pole position, duas vitórias e duas voltas mais rápidas.
Depois, fui confirmado como piloto de testes e de reserva da equipa ING-Renault F1.
Aí permaneci um ano, até ser confirmado como piloto efectivo este ano.
- Ser piloto de Fórmula 1 era o seu sonho de criança?
Ao começar nos karts, nunca pensei que era melhor que qualquer outro piloto.
Só nos apercebemos disso quando ganhamos uma corrida.
Comecei a ganhar quando tinha dez ou onze anos.
Mudei-me para o Reino Unido quando tinha 16 anos para competir na Fórmula 3 britânica e fui o piloto mais jovem a ganhar esse campeonato, tendo-me mudado para o GP2.
Cada vez que vamos progredindo na carreira e obtendo sucessos, vamos nos aproximando da Fórmula 1, mas, é muito difícil lá chegar e nunca tive isso como garantido.
Tive que lutar muito, para atingir o meu objectivo de ser piloto de Fórmula 1.
- O que é que espera deste seu primeiro ano no circo da Fórmula 1?
Sabia que as coisas iam ser difíceis, mas, para mim, este ano serve apenas para eu aprender o máximo que puder.
Estou numa equipa duas vezes campeã do Mundo e com um colega de equipa também bi-campeão mundial.
Portanto, estou na melhor posição possível, neste meu primeiro ano na Fórmula 1.
- Depois de vinte anos, o que é que o apelido "Piquet" ainda significa na Fórmula 1?
Penso que o meu pai teve muita importância, neste desporto.
Por isso, será sempre respeitado e relembrado.
Além disso, foi tri-campeão mundial e um modelo para muita gente.
Só espero que, com muito trabalho, eu possa seguir o mesmo caminho que o meu pai seguiu.
- Para si, qual o melhor lado de ser piloto de Fórmula 1? E o "pior"?
O melhor é que eu tenho o trabalho para o qual trabalhei durante muitos e muitos anos.
Este é o topo do nosso desporto e eu estou, apenas, no começo da minha carreira.
Tenho muito o que aprender e o que atingir.
A pior coisa é ter que viajar.
Passamos muito tempo nos aviões, nos aeroportos e nos carros, perde-se muito tempo.
- Quantas horas diárias treina e quais os principais cuidados que tem com a sua alimentação?
Cada piloto tem as suas dietas especiais e programas de treino.
É uma parte importante de todo o conjunto, nos nossos dias, onde os carros são muito duros de conduzir.
Tenho um treinador, na Renault, que define os meus programas e dietas e que cuida de mim durante o fim de semana.
- Para se tornar um piloto de Fórmula, o que é preciso?
O meu conselho é que se você quer ser um piloto de corridas, tem que saber que não necessita, apenas, de paixão.
Tem de possuir muito talento.
Também tem de estar preparado para tempos muito difíceis, porque não é um percurso fácil.
Continuar ganhando e manter-se feliz é importante, mas, tem de ser capaz de continuar motivado e a trabalhar muito, quando passar por alturas menos boas.
Há que estar no lugar certo, na hora certa, mas, infelizmente, na actualidade, é um desporto muito caro e ajuda muito se tiver patrocinadores fortes.
Eu tenho a sorte de contar com alguns, desde as Fórmulas 3 e 2, aos quais estou muito grato.
- Que mensagem quer deixar aos internautas que lêem esta entrevista?
Muito obrigado por terem dispendido o vosso tempo a lê-la.
Espero que tenham aprendido um pouco sobre mim e que estejam em sintonia para me apoiarem, e à ING-Renault F, no próximo Grande Prémio.