O alpinista português Ângelo Felgueiras conquistou no dia 7 de Janeiro o Monte Vinson, na Antárctida. O comandante da TAP, que “embarca” em aventuras em nome de uma causa social, alcançou os 4897 metros do continente gelado e completou os Seven Summits – as sete montanhas mais altas de cada um dos sete continentes.
“Esta montanha superou as minhas melhores expectativas. O local é de uma beleza imaculada. Como apanhei quase sempre bom tempo, só um dia mau e outro ‘assim assim’, desfrutei muito desta cordilheira e em vez de uma subi duas montanhas. O Vinson, que é a mais alta, e o Shin, que é a terceira mais alta. Neste caso julgo, mas não estou certo, que fui o primeiro português a subir o Shin” conta Ângelo Felgueiras.
Ao longo de mais uma aventura, que teve primeiro uma fase de treino no Aconcágua (América do Sul) e um Natal em família no Chile, o comandante da TAP ‘coleccionou’ histórias para mais tarde recordar. Aliás, aquela que era uma expedição recreativa transformou-se numa parceria científica luso-brasileira. “No avião para a Antárctica, conheci um brasileiro, o Prof. Carlos Schaefer, que pertence ao Instituto Nacional da Ciência e Tecnologia da Criosfera, que coordena o estudo sobre solos e termafrost, que me pediu para fazer uma recolha de solos, durante a subida” mas o alpinista português destaca ainda um aventureiro especial: “Conheci também um Australiano, Pat Palmer, que está a correr desde o Pólo Norte ao Pólo Sul, uma média de 90Km por dia, ininterruptamente. Isso é que é uma aventura”, diz com humor.
Apesar do balanço positivo, nem tudo correu da melhor forma. É certo que Ângelo Felgueiras “estava muito bem preparado do ponto de vista físico e técnico” mas o tempo podia não ter ajudado e até uma queda em que se viu envolvido podia ter sido pior.”Passei pela experiência de cair parcialmente numa crevasse ( fenda de gelo), o que é muito desagradável e estranho. As condições meteorológicas podiam ter-se complicado mas tudo acabou bem”, aponta.
Já em Portugal, onde vai regressar aos comandos dos aviões da Transportadora Aérea Portuguesa, Ângelo Felgueiras continua a não conseguir descrever a paisagem fantástica que contemplou ao longo dos vários dias na Antárctida. “Só com fotos e mesmo assim não sei”, vai dizendo o aventureiro luso sobre aquela que apelidou de “paisagem imaculada” e com “zero de poluição”.
Com o pico do Monte Vinson atingido, Ângelo Felgueiras completou o circuito mundial a que se tinha proposto. Os Seven Summits já viram a bandeira lusa no topo mas há mais causas para apoiar. “Os sete estão terminados! Existem dois circuitos: um com o Kosiosko na Autrália e outro, mais difícil, com as Pirâmides de Carstenz, que foi o que eu fiz. Não sou um alpinista de raiz, sou mais um aventureiro que gosta de montanhas. Aventuras não faltam, causas para apoiar também não mas patrocínios procuram-se...”