No próximo fim-de-semana, de 10 a 12 de maio, a capital do estado brasileiro de Mato Grosso, Cuiabá, recebe mais uma edição dos Campeonatos Ibero-americanos de Atletismo.
Esta competição iniciou-se em 1960, mas com o nome de Jogos Ibero-Americanos. Na sua génese, pretendia-se reunir os países de língua portuguesa e espanhola, mas conheceu uma existência efémera, tendo apenas sido realizadas duas edições, em Santiago do Chile (1960) e Madrid (1962).
Portugal esteve presente nestas duas edições, daí surgindo a primeira medalha internacional do atletismo português, conquistada por Pedro de Almeida, no salto em comprimento (que voltaria às medalhas em Madrid, mas de prata).
Mas regressando a essa épica primeira edição, Portugal conquistou mais duas medalhas, de bronze. Na maratona, por Álvaro Conde (que repetiria o pódio dois anos depois, mas com a prata), e nos 5000 metros, por Manuel Oliveira, que surgira no atletismo fulgurantemente, proveniente de Mangualde, e que em 1960 também participou nos Jogos Olímpicos de Roma.
Manuel de Oliveira foi figura preponderante em 1962, ao conquistar três medalhas (!): ouro nos 1500 metros e prata nos 5000 metros e nos 3000 metros obstáculos. No total, Portugal subiu oito vezes ao pódio. Para além dos já citados, também Armando Aldegalega (maratona) e Eduardo Albuquerque (martelo) conquistaram medalhas de ouro, enquanto Júlio Fernandes foi bronze no salto em altura.
E aqui terminaram os Jogos Ibero-americanos. Apenas vinte anos depois, por muita força do espanho,l Juan Manuel de Hoz, a ideia voltaira a tomar forma com a criação, em Madrid, da Associação Ibero-Americana de Atletismo, com a presença de 22 países fundadores, aos quais se juntariam, em 1996, os novos países de expressão portuguesa e Guiné Equatorial.
A edição inaugural dos Campeonatos Ibero-americanos realizou-se em 1983, em Barcelona, mas a limitação a um atleta de cada país por prova levou a que estas tivessem um número muito reduzido de presenças (entre três e sete atletas), algo que foi corrigido dois anos depois, em Havana (máximo de dois atletas de cada país por prova).
Nesta edição inaugural, aproveitando a distância, embalado nos feitos dos anos anteriores mais próximos, Portugal participou com 27 atletas, conquistando um total de dezoito medalhas (duas de ouro, 12 de prata e quatro de bronze). No livro histórico “El libro del atletismo Iberoamericano”, destaca-se a portuguesa Aurora Cunha, com triunfos nas provas de 1500 e 3000 metros, e faz-se alusão à prova de 20 km marcha, com “sprint” final emocionante entre o colombiano Querubi Moreno e o português José Pinto, favorável ao primeiro, por um segundo!
Portugal ocupou o quarto lugar do medalheiro, atrás de Cuba, com 24 medalhas (18 de ouro, 4 de prata e 2 de bronze), Espanha, com 32 (10, 10, 12) e Brasil, com 14 (3, 6, 5).
A partir daqui, de dois em dois anos, o atletismo Ibero-americano foi mostrando o seu fulgor. Das 21 edições já realizadas, uma realizou-se em Lisboa, a de 1998, no Estádio Universitário de Lisboa, por ocasião da Exposição Mundial desse ano (Expo’1998), com os atletas portugueses a somarem 21 medalhas, sendo 5 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze.
Aproveitando esse facto, esta foi a prova com maior participação portuguesa com 71 atletas presentes e apenas em mais duas ocasiões se chegou à meia centena (ou mais) de atletas, e realizaram-se ambas no sul de Espanha: em Huelva’2004 (com 51 atletas) e em San Fernando’2010 (com 50 atletas). Devido à pandemia, a prova não se realizou em 2020, regressando em 2022, de novo no sul de Espanha, em Alicante, onde Portugal (com 43 atletas) registou a terceira presença com maior número de medalhas, 17 (3 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze).
Recolheram as medalhas de ouro Isaac Nader (1500 m), Leandro Ramos (dardo) e Jéssica Inchude (peso), com as medalhas de prata a serem obtidas por Rubem Miranda (vara), Edgar Campré (decatlo), Lorène Bazolo (100 e 200 m), Evelise Veiga (comprimento) e a estafeta feminina de 4×100 metros. O bronze foi conquistado por José Carlos Pinto (800 metros), Tiago Pereira (triplo), Tsanko Arnaudov (peso), Emanuel Sousa (disco), seleção masculina de 4×400 m, Patrícia Silva (800 m), Salomé Afonso (1500 m) e Ana Cabecinha (10 000 metros marcha).
A edição de 2024 realiza-se em Cuiabá, no Estado de Mato Grosso (Brasil), na Pista do Estádio do Centro Olímpico de Treinamento (COT) da Universidade Federal de Mato Grosso e num circuito urbano (prova de estrada e marcha atlética), com a presença de 516 atletas em representação de 23 países: Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Portugal, São Tomé e Príncipe, Uruguai, Venezuela.
Para esta prova em Cuiabá, no estado de Mato Grosso (Brasil), Portugal apresenta 27 atletas (o mesmo número da edição inaugural dos Ibero-americanos), alguns deles medalhados em Alicante’2023: Tsanko Arnaudov (peso), Emanuel Sousa (disco), Leandro Ramos (dardo), Delvis Santos e André Prazeres (estafeta de 4×100 m), Ricardo dos Santos (estafeta de 4×400 m), Lorene Bazolo (100, 200 e 4×100 m) e Rosalina Santos (4x100m). A equipa inclui outra medalhada nos Ibero-americanos, Cátia Azevedo, que se destacou na edição de 2018, nos 400 e 4×400 metros.
As provas desenrolam-se de 10 a 12 de maio, na Pista de Atletismo do Centro Oficial de Treinamento da Universidade Federal de Mato Grosso. Abaixo deixamos a lista da seleção nacional, o horário oficial, sujeito a ajustamentos, e o histórico nacional da competição.
A confirmar-se, as provas serão transmitidas em streaming, no Youtube de @timebrasil e @nsports, enquanto os resultados estarão publicados numa página da Confederação Brasileira de Atletismo