Ao quinto dia de competição, o Sintra Portugal Pro, etapa nacional do circuito mundial de bodyboard, prepara-se para entrar na fase de todas as decisões e hoje assistiu-se à qualificação de quatro bodyboarders portugueses: Daniel Fonseca e Steph Kokorelis na competição open masculina, e Joana Schenker e Mariana Rosa no feminino.
Daniel, ex-campeão nacional, foi o primeiro a garantir o seu lugar na reta final do Mundial da Praia Grande, vencendo a sua bateria da ronda oito face ao sul-africano, antigo campeão mundial, Iain Campbell e ao francês Yann Salaun (este eliminado), e depois, já num heat “man on man”, ultrapassando o espanhol das Canárias, Lionel Medina.
Fazendo o balanço desta jornada, Daniel Fonseca resumiu: “No primeiro heat do dia, tudo correu muito bem. No segundo heat, sabia que tinha de estar ativo pois condições estavam a ficar mais difíceis com a maré a subir e percebi que tinha de escolher as melhores ondas, mesmo sem grandes manobras, e apostar na consistência. E foi o que aconteceu, felizmente.”
Daniel, agora, terá pela frente o francês mais português do bodyboard mundial: Pierre Louis Costes. Um dos nomes mais sonantes da cena internacional, dono de dois títulos mundiais, casado com uma portuguesa e residente em Portugal há cerca de uma década.
“Do Mundial, é o atleta com que estou mais habituado a competir, pois até já entrou algumas vezes no Nacional, mas a estratégia é a mesma: tentar escolher as melhores ondas. Sei que o mar amanhã vai estar a subir, a exigir muito do físico, com mais ‘sets’ e ondas maiores. Neste momento, vou tentar imaginar o que fazer para depois tentar passar à realidade “, conclui Daniel Fonseca, que hoje igualou o seu melhor resultado no Sintra Pro, um quinto lugar.
Mas se Daniel tem grande currículo na prova sintrense, já Steph Kokorelis está a cumprir uma história de sonho. O bodyboarder de ascendência luso-helénica esteve afastado da competição durante alguns anos e, logo sem “seeding” veio da primeira ronda do Sintra Portugal Pro e só não venceu uma bateria, culminando hoje com uma vitória emocionante, nos últimos segundos de uma bateria “man on man” frente ao havaiano Dave Hubbard, lenda viva do bodyboard mundial e candidato a um nono título na categoria de Dropknee nesta edição do Mundial da Praia Grande.
“Foi um heat bastante complicado, ondas não estão fáceis. Entrou um ´set´ inicial e o Dave apanhou uma onda que eu sabia que era muito boa [um 8,25], eu também fiz uma razoável [um 6,00], e depois estive até final à espera de um ‘score’. Graças a Deus, entrou uma onda nos últimos 20 segundos e consegui a nota com um ‘el rollo’ muito projetado [6,90] e passei”, relata Steph, que conseguiu uma pontuação final de 12,90 contra 12,75 da vedeta havaiana.
Agora, Steph terá de ultrapassar nada mais nada menos que o campeão mundial em título, o sul-africano Tristan Roberts.
“Estou confiante, ele é grande amigo e grande competidor, mas já o bati numa ronda anterior pelo que sei que lhe consigo ganhar e acredito em mim”, atirou o local de Carcavelos.
Na competição feminina, Joana Schenker passou com a espanhola de origem austríaca Alexandra Rinder aos “quartos”, deixando pelo caminho a campeã nacional em título, Teresa Padrela, indo agora defrontar a japonesa Namika Yamashita.
Schenker, que já venceu em Sintra em 2017, ano em que se sagrou campeã mundial, tem três finais da etapa portuguesa do Mundial no currículo e ambiciona juntar mais uma à lista, este ano:
“É o campeonato em que tenho melhor estatística, mas não sinto grande pressão. Este é dos campeonatos mais difíceis, o mar aqui é muito imprevisível e difícil de ler mas este ano fiz quartos-de-final em todos os campeonatos da temporada e queria mesmo quebrar essa barreira aqui. Sei que não vai mudar muito o meu ‘ranking’ mas é sempre prestigiante para o evento e para mim ganhar aqui. E é também uma questão de ego, por que não dizê-lo?”, assumiu a sete vezes campeã nacional.
Finalmente, na última bateria do dia, foi a vez de Mariana Rosa se juntar ao clube dos quartos-de-final, passando em segundo uma bateria ganha pela japonesa Sari Ohara e deixando para trás a chilena Valentina Diaz.
A bodyboarder de Carcavelos, que esteve afastada da competição durante quase um ano devido a lesão num pulso, não escondeu a sua alegria:
“Estou muito feliz, principalmente isso. Têm sido dias muito complicados, com mar muito exigente fisicamente, mas estou super feliz de ter passado este heat. Não estava a criar muitas expectativas, mas tentei sempre analisar o mar para tentar facilitar o meu trabalho. Agora, o que vier é tudo ótimo.”
Mariana terá agora pela frente a espanhola Teresa Miranda nos quartos de final da competição.