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Nelson Oliveira conseguiu hoje o melhor resultado de sempre um corredor português no contrarrelógio de elite de um Campeonato do Mundo, terminando na 15.ª posição o exercício individual de 57,9 quilómetros que ligou as termas de Montecatini a Florença.
Mantendo uma prestação regular ao longo de toda a prova, quase totalmente plana e muito extensa, o corredor natural de Vilarinho do Bairro, Anadia, concluiu a corrida com um registo de 1h08m51s, que se manteve como a melhor marca durante quase meia hora e que lhe permitiu suplantar o seu 17.º posto de há dois anos, que era o melhor resultado luso da história.
“Senti-me bem e tentei manter o meu ritmo, apesar de o percurso ser demasiado plano, o que favorecia os corredores mais possantes. O principal objetivo era melhorar o resultado de há dois anos, o que consegui. Este resultado é fruto de muito trabalho específico. Ter estado tanto tempo entre os três melhores nesta prova dá-me motivação para o futuro, até porque tenho apenas 24 anos e uma grande margem de evolução”, congratulou-se Nelson Oliveira.
O outro português em prova, Tiago Machado, foi o 39.º, com 1h11m015s. O corredor famalicense foi o terceiro a partir e o primeiro a chegar, mantendo o melhor registo durante alguns minutos. “Como tinha prometido, dei o meu melhor. Apesar de saber que fiquei longe dos primeiros, fico com a sensação de dever cumprido, porque dei o máximo. Saio daqui com uma referência para o futuro. No imediato, estou já concentrado na prova de domingo, cujo percurso, mais duro, se adapta melhor às caraterísticas dos portugueses, o que poderá ser bom para a nossa seleção”, afirmou Tiago Machado.
O selecionador nacional, José Poeira, ficou satisfeito com o desempenho dos corredores portugueses, destacando a prestação de Nelson Oliveira, pelo facto de ser a melhor de sempre de um luso e por ser fruto de “um trabalho com mais de 6 meses. Há esse tempo que vínhamos falando os dois sobre este contrarrelógio e o Nelson preparou-o com rigor. Nunca tínhamos conseguido um resultado tão bom, mas, mais importante do que isso, é perceber que o Nelson Oliveira tem apenas 24 anos e que só deverá atingir o seu máximo depois dos 26. Nessa altura, prevejo que venha a discutir este tipo de corridas com os melhores do mundo”, frisa José Poeira.
A luta pelo pódio restringiu-se aos três homens que eram apontados como favoritos. O alemão Tony Martin não deu a menor hipótese à concorrência, cortando a meta com o impressionante registo de 1h05m36s, que lhe deu a terceira medalha de ouro consecutiva. O britânico Bradley Wiggins soube gerir melhor o esforço do que o suíço Fabian Cancellara, alcançando o segundo lugar, a 46 segundos de Martin, apesar de ter piores tempos do que o helvético em todos os pontos intermédios de cronometragem. Cancellara fechou o pódio, a 48 segundos do vencedor.
A superioridade dos três primeiros foi por demais evidente, com o décimo classificado, o bielorrusso Kanstantsin Sioutsou, a gastar mais 2m59s do que o primeiro. Isto quer dizer que Nelson Oliveira, que ficou a 4m14s de Tony Martin, falhou o top 10 por apenas 15 segundos. Tiago Machado precisou de mais 5m28s do que o alemão para completar o percurso.
Amanhã não há corridas no Campeonato do Mundo, estando o dia reservado para a conferência a que os juniores terão de assistir se quiserem participar na prova de fundo, a disputar no sábado. Nesta categoria, Portugal estará representado por César Martingil, David Ribeiro e Gaspar Gonçalves, que se encontram em solo italiano desde sábado, preparando afincadamente a corrida.