A edição do centenário da Subida à Glória, disputada na noite desta sexta-feira, teve de tudo: muito público, emoção, corredores profissionais, ciclistas amadores e do quotidiano, homens e mulheres participantes, heróicos vencedores, dignos concorrentes e até aquilo por que todos esperavam, um novo recorde, estabelecido por Ricardo Marinheiro.
O betetista escalou os 265 metros da Calçada da Glória em 39,76 segundos, pulverizando o anterior melhor registo, que fora estabelecido por Alfredo Piedade, em 1926. Os 55”400 de Piedade foram, aliás, batidos por 27 dos cerca de 150 concorrentes da edição do centenário, provando-se que, com melhores métodos de treino e com a evolução tecnológica, é sempre possível ir mais além.
A noite de sexta-feira foi perfeita para Ricardo Marinheiro, pois o ciclista de Mafra não se limitou a alcançar o melhor tempo na subida cronometrada, que serviu para apurar os quatro semifinalistas. Marinheiro também foi o vencedor absoluto masculino, batendo Gonçalo Amado (Rádio Popular-Onda) na final. A corrida pelo terceiro lugar foi ganha por Luís Fernandes (OFM-Quinta da Lixa), que se superiorizou a José Borges (ASC/Bike Zone).
O setor feminino assistiu também ao domínio absoluto de uma concorrente, neste caso, da líder da Taça de Portugal de estrada, Ana Azenha (CC Bairrada). A corredora residente no Centro de Alto Rendimento de Anadia fez o melhor tempo feminino no contrarrelógio, 1’06”07, antes de ganhar a meia final e também a final. Isabel Caetano (CSM Epinay), apesar do segundo melhor registo no contrarrelógio, teve de contentar-se com a terceiro posição, já que foi desfeiteada, na meia final, por Filipa Fernandes (BTT Seia), que conseguiu o segundo lugar.
Os vencedores desta que poderemos considerar a clássica mais pequena do mundo tiveram direito a um troféu com cerca de 5 quilogramas, que promete ser tão icónico e marcante como o paralelo do Paris-Roubaix, uma vez que se trata de uma secção de carril de elétrico recuperado.
Mais do que uma competição, a edição do centenário da Subida à Glória foi uma enorme festa, cumprindo na perfeição o objetivo de levar a bicicleta e o ciclismo ao quotidiano lisboeta, desta feita, contribuindo para animar ainda mais uma noite de sexta-feira no Bairro Alto. Por isso, todos os corredores concluíram a corrida são heróis e receberão um diploma com o respetivo tempo. Os autores dos cem melhores tempos vão ser contemplados com um livro sobre a Volta a Portugal, da autoria de Ana Santos, cortesia da CIES-IUL. O autor do pior tempo, Alex Santos, que trepou em 3m41,90s, não foi esquecido e ganhou uma bicicleta, oferecida pela Conferência Internacional da História do Ciclismo.
A Subida à Glória foi organizada pela Federação Portuguesa de Ciclismo, pela Associação de Ciclismo de Lisboa e pela Câmara Municipal de Lisboa, funcionando como festa de encerramento da Conferência Internacional da História do Ciclismo, que decorreu na capital, na última semana. A Liberty Seguros e o Licor Beirão foram os patrocinadores principais, enquanto a Carris foi um parceiro privilegiado, uma vez que encerrou por uma noite o Ascensor da Glória, Monumento Nacional, para deixar a calçada livre para os ciclistas.