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O Castêlo da Maia Ginásio Clube, o primeiro histórico do Voleibol português a abraçar o Voleibol Sentado, faz um balanço positivo do trabalho desenvolvido em menos de meio ano no âmbito do projecto do Desporto Adaptado.
Um trabalho que, quem sabe, poderá servir de modelo a outros clubes…
Pedro Pereira; Director Responsável pelo Desp. Adaptado e pelo Voleibol Sentado no CMGC enfatiza:
“O Castêlo da Maia iniciou este ano um projecto de Desporto Adaptado para tentar minimizar e dar outra qualidade de vida às pessoas que não têm oportunidades como esta de praticar desporto.
O Voleibol Sentado está incluído num projecto de maiores dimensões, mas o Voleibol Sentado fazia todo o sentido num clube de Voleibol.
Tem sido um projecto agradável, as pessoas estão a aderir com alguma facilidade ao Desportos Adaptado e só esperamos que possamos vir a servir de exemplo a outros clubes de Voleibol.
As pessoas que vêm aos treinos gostam de Voleibol e o facto de poderem praticar a modalidade através do Voleibol Sentado, é uma oportunidade que querem aproveitar, ainda para mais porque lhes permite divertirem-se e melhorar a sua qualidade de vida.
Apesar de só termos começado finais do ano passado, temos já 30 atletas de Desporto Adaptado e isso é muito satisfatório para nós, neste momento”.
Ana Sousa é a Coordenadora do Desporto Adaptado do Castêlo da Maia GC.
"O Voleibol Sentado é uma das modalidades que fazem parte do projecto do Desporto Adaptado no clube, como o Goalball, o Boccia e a Actividade Física Adaptada.
Neste momento, conseguimos que o Voleibol Sentado esteja a rolar e temos oito atletas com deficiência que treinam connosco, bem como vários escalões de formação do clube que têm vindo partilhar connosco alguns momentos de treino.
Já passaram por aqui várias equipas de femininos e vão passar, a partir da próxima semana, também de masculinos e este trabalho de inclusão tem sido fundamental para conseguirmos manter os nossos atletas motivados e empenhados no treino e também para os ajudar sob o ponto de vista técnico, pois eles têm alguma dificuldade, já que não são jogadores de Voleibol, nem nunca foram, e se aprender a modalidade já não é fácil, aprendê-la sentados ainda é mais difícil", reconhece esta professora da FADEUP, onde é responsável pelo Voleibol Sentado, salientando:
"O trabalho de parceria com os restantes escalões do clube tem sido fundamental. O Castêlo da Maia, como sabe quem conhece o clube, é tradicionalmente um clube de Voleibol, e o Voleibol Sentado é, entre as várias modalidades de desporto adaptado que acolhemos, a que nos está a dar maior gozo e um orgulho enorme por termos conseguido construir um projecto desta natureza e começar a formar uma equipa. Não tem sido fácil. Sabemos que existem poucas equipas a nível nacional.
Os nossos esforços no sentido de captar atletas já têm praticamente um ano, praticamente desde a realização da Convenção Multidisciplinar de Educação, em Gondomar, em que divulgámos a modalidade.
É difícil trazer para os treinos os atletas, quer por problemas de transporte, quer porque não conseguimos motivá-los a experimentar, pois quem experimenta acaba por ficar. Trazer até aqui as pessoas tem sido a nossa maior dificuldade, pois, se calhar, as pessoas não estão muito receptivas em vir experimentar algo novo.
Se nós conseguirmos levar o Voleibol Sentado a mais pessoas com deficiência, sem o circunscrevermos a nenhumas características de modo específico, digamos assim, acho que será possível captar mais atletas, não só no Castêlo da Maia mas também noutros clubes.
A nós interessa-nos crescer, mas também que os outros clubes consigam fazer o mesmo, de modo a que daqui a algum tempo estejamos a treinar com o objectivo de competir.
Em última instância, competir é o que qualquer atleta pretende, pelo que gostaríamos de ver este tipo de dinâmica ser adoptado noutros clubes, não só de Voleibol mas também ligados a outras modalidades".
E o que sentem os principais visados, os atletas?
Paula Cristina Leite, Presidente da Associação Nacional de Amputados (ANAMP):
"Fundei a associação para promover o desporto adaptado, para além de outras actividades, para tirar as pessoas amputadas de casa e mudar mentalidades, criando um colectivo de aceitação, não só social, mas também focada num objectivo: «eu próprio me aceitar».
Em Setembro do ano passado, a Ana conseguiu cativar-nos para esta actividade, e temos aqui alguns elementos da ANAMP. Gostamos muito do Voleibol Sentado, pois está a levar-nos além daquilo que éramos capazes de fazer com pessoas amputadas.
Estamos também a elaborar um protocolo de colaboração com o Castêlo da Maia GC para irmos mais além com esta actividade, que é muito importante para nós e para todas as pessoas que são deficientes e mesmo as que não são, pois todos podem vir participar e divertir-se com o Voleibol Sentado, com motivação e determinação, que são dois aspectos muito importantes".
António Teixeira, Vice-Presidente da ANAMP, aceitou de bom grado a oportunidade de praticar Voleibol Sentado no CMGC, pois, como salientou:
"Ao longo dos tempos, fomos nós a adaptarmo-nos ao desporto que era praticado por todos, mas agora temos a oportunidade de praticar um desporto que é adaptado a nós".
Joaquim Fernando, do Centro de Reabilitação Profissional de Gaia (CRPG), é um dos atletas mais aplicados nos treinos:
"Tive conhecimento do Voleibol Sentado através do CRPG. Vim, experimentei e acho que a nível físico nos faz muito bem, sendo ainda um escape para o stress do dia-a-dia.
Deveria haver mais actividades como esta e uma maior divulgação, para que a pessoa com deficiência saia de casa e venha desfrutar da vida.
Creio que o Castêlo da Maia GC, com esta iniciativa, está a abrir portas a outras instituições e só é pena não haver clubes, como o FC Porto, o Boavista FC e outros, ligados a estas actividades, pois os apoios seriam maiores e haveria muito mais gente a aderir a projectos deste cariz”.
Miguel Silva, um motorista que teve um acidente há dois anos, aderiu ao Voleibol Sentado e Isabel, a esposa, acompanhou-o, colaborando activamente nos treinos:
“Sou membro da ANAM e foi através desta associação que tomei conhecimento do Voleibol Sentado, um desporto mesmo espectacular. Puxa um bocadinho por nós, mas o convívio e o ambiente que rodeia a sua prática é fenomenal.
O Castêlo da Maia está de parabéns, pois iniciativas destas são sempre de louvar".
O Voleibol Sentado não pára e tem já agendadas para Março outras actividades:
5 de Março (sábado) - Demonstração - Olisipíadas Lisboa
9 de Março (quarta-feira) - Dia Paralímpico na Escola CPP - Gondomar
12 de Março (sábado) - Demonstração - Olisipíadas Lisboa
15 de Março (terça-feira) - Coloquio Dia Paralímpico na Escola CPP - Gondomar
16 de Março (quarta-feira) - Actividade (prática com os alunos das escolas envolventes) no Dia Paralímpico na Escola - CPP Gondomar
23 de Março (quarta-feira) - Actividade conjunta com a AVAL - Castro Verde
31 de Março (quinta-feira) - Demonstração no estabelecimento de ensino Infancoop - Caldas da Rainha