Uma aeronave regional ligeira e a aposta em novos satélites são os mais recentes projetos que passam a contar com a participação do Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) Aeroespacial, um centro que surge de uma parceria entre a Força Aérea Portuguesa, o CEiiA e a Geosat. A sessão pública de apresentação do CTI Aeroespacial e divulgação dos recentes projetos decorreu esta tarde no Comando Aéreo, em Monsanto, com a presença do Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.
O CTI Aeroespacial tem como missão criar e desenvolver novos conhecimentos, novas tecnologias e aplicações para a indústria aeroespacial, orientados para a resolução dos problemas emergentes, com foco na defesa, segurança e sustentabilidade, com o objetivo de posicionar Portugal como referência internacional naquele sector, dando resposta aos desafios globais e assim garantir uma sociedade mais segura e sustentável.
Nos próximos anos, a atividade do CTI vai focar-se em participar no desenvolvimento da aeronave regional ligeira LUS 222 e na capacidade SAR (Radar de Abertura Sintética) em satélite, bem como na articulação do conhecimento com universidades e indústria para criação de cadeias de valor completas a partir dos utilizadores finais na área da defesa e segurança.
O primeiro projeto, o LUS 222, trata-se do desenvolvimento de uma aeronave militar de duplo-uso, que permite igualmente desempenhar missões de interesse público, designadamente de segurança e apoio a emergências e desastres e transporte de doentes. O LUS 222 está projetado para ser uma aeronave não pressurizada, com capacidade para transportar 19 passageiros, até 2000kg de carga, com rampa traseira para operações de lançamento de paraquedistas e contentores. Dependendo das condições de operação e das missões, tem um alcance máximo de 2000km. Esta aeronave é fruto do primeiro programa aeronáutico completo em Portugal que visa desenvolver, industrializar, operar e comercializar uma aeronave regional ligeira.
O segundo projeto passa por desenvolver e operacionalizar capacidade SAR em satélites, isto é um Radar de Abertura Sintética que vai disponibilizar imagens da Terra durante a noite e através das nuvens. Com novos satélites que fornecem imagens com 30cm de resolução, dará um apoio na gestão de emergências, providenciando os meios – até agora inexistentes – para exercer a soberania de Portugal, dia e noite, em todas as condições meteorológicas. Esta nova capacidade vem complementar a Constelação do Atlântico e tornar possível a vigilância persistente do Mar, das costas portuguesas e de todo o território. Uma nova capacidade que vem apoiar a gestão de emergências e providenciar os meios para exercer a soberania de Portugal, dia e noite em todas as condições meteorológicas, reforçando o posicionamento de Portugal na vanguarda da Observação da Terra na Europa e a nível global.
Estes dois novos projetos, bem como a missão do CTI Aeroespacial, atuando no espaço intermédio do sistema de inovação, vão ao encontro da reconfiguração do setor da segurança e da defesa, para o qual os países da Europa membros da NATO (OTAN) lançaram um Fundo Europeu de Defesa.
Com a responsabilidade de uma grande fatia dos países do Atlântico e com a União Europeia (EU) a querer aumentar o financiamento para as PME da área da Defesa, Portugal tem hoje uma oportunidade única para um novo posicionamento global. Assim, o CTI Aeroespacial vai permitir valorizar os desenvolvimentos em curso na aeronáutica e Espaço e explorar estratégias de duplo-uso, prestando apoio técnico e tecnológico a empresas daqueles clusters de competitividade, acelerando a entrada nos mercados da segurança e defesa, usando a Zona Económica Exclusiva (ZEE) como contexto aplicacional.
No que diz respeito à Força Aérea, este é mais um passo em direção à estratégia definida de conquista de novas capacidades. O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General João Cartaxo Alves, explica que "a Força Aérea está em mudança, conforme o Plano de Voo “Força Aérea 5.3” apresentado em maio deste ano, que visa a conquista da 5.ª Geração e do 5.º Domínio Operacional – o Espaço. Para além do contributo fundamental do domínio aéreo, o sucesso da Segurança e Defesa de Portugal só podem ser alcançados através da ação integrada de múltiplos domínios operacionais, dos quais se incluem o Ciberespaço e o Espaço. A visão da Força Aérea visa empregar o poder aeroespacial para potenciar o cumprimento das missões atribuídas e dotar a Força Aérea com capacidade de monitorização que garanta o conhecimento situacional e o controlo da utilização do espaço nas áreas de interesse nacional, no âmbito da Segurança e Defesa, simultaneamente fomentando o desenvolvimento e a integração de novos processos, serviços ou produtos baseados em conhecimento científico e tecnológico e de elevado valor acrescentado”.