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Com o objetivo de debater com o associativismo desportivo um modelo renovado de desenvolvimento desportivo a Federação de Ginástica de Portugal apresentou ontem, dia 20 de setembro de 2016, na sede do Comité Olímpico de Portugal, o livro “O Desenvolvimento do Desporto: Gestão, Economia, Regulação” de Fernando Tenreiro, e realizou também um seminário de debate da problemática do mesmo.
O seminário foi composto por 3 mesas redondas formadas por técnicos e especialistas e líderes desportivos. A primeira mesa redonda teve como tema a "Organização das Atividades Desportivas", a segunda mesa redonda "As Necessidades e Características do Financiamento Nacional" e a terceira mesa redonda focou "O governo do desporto pelas suas principais instituições privadas e públicas".
Convidados a participar neste seminário foram: Carlos Marta Gonçalves, Presidente da Fundação do Desporto,Carlos Paula Cardoso, Presidente da Confederação do Desporto de Portugal, José Manuel Constantino, Presidente do Comité Olímpico de Portugal, João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Pedro Ribeiro, Ex- Presidente da Federação Portuguesa de Rugby, Nuno Delgado, medalhado olímpico, Paulo Rocha, Professor da Faculdade de Motricidade Humana, Nuno Ferro, Presidente da SPEF, Luís Rodrigues, Secretário Geral da APOGESD, Jusé Júlio Vale Castro, Presidente da MAG da AGAP, Duarte Lopes, Coordenador dos Serviços Desportivos do Estádio Universitário de Lisboa, Augusto Flor, Presidente da CPCCRD, Jorge Viegas, Ex-Presidente da Federação Portuguesa de Motociclismo, Pedro Berjana, Diretor da Confederação do Desporto de Portugal, Augusto Baganha, Presidente do IPDJ, Álvaro Sousa, Vice-Presidente da FGP, e claro João Paulo Rocha, Presidente da FGP e , Fernando Tenreiropelo, Economista e autor do livro apresentado hoje, que foram também responsáveis pela sessão de lançamento deste livro.
O livro “O Desenvolvimento do Desporto: Gestão, Economia, Regulação” estrutura-se em 4 capítulos que genericamente abordam os seguintes pontos:
O I capítulo refere o Modelo de Desporto Europeu como exemplo de sucesso desportivo mundial e olímpico identificando vários submodelos agregando os países do Norte e Centro, os do Sul e os de Leste da Europa. Neste contexto Portugal ocupa um lugar menor sobre o qual importa pensar e conceber um Modelo de Desporto que permita ao país convergir para os resultados médios europeus. Este capítulo identifica as federações como a instituição fulcral do Modelo de Desporto Europeu.
O II capítulo visa compreender as condições de gestão das atividades de uma federação desportiva para obter resultados de nível europeu, mundial e olímpico. A análise identifica a complexidade da prática desportiva da população de todas as idades, segundo o sexo e as disciplinas dentro de cada modalidade. As disciplinas da Ginástica demonstram essa complexidade e que são: Ginástica Artística Feminina, Ginástica Artística Masculina, Ginástica Rítmica, Ginástica de Trampolins, Ginástica Acrobática, Ginástica Aeróbica, Ginástica Para Todos e a Team Gym. A Federação tem de estar atenta à qualidade dos seus treinadores, juízes, dirigentes, a adequação das suas instalações e o quadro de investigadores e cientistas capazes de projectar a modalidade no futuro.
O III capítulo aborda a necessidade de financiamento público para o desenvolvimento sustentado das responsabilidades antes indicadas. São apresentados os princípios económicos e a sustentabilidade dos clubes e das federações na produção de desporto. A necessidade de receitas superiores às despesas na produção de desporto é um desafio que Portugal tem respondido mal, levando clubes e federações a trabalhar em condições de défice contabilístico e mais tarde a falirem ou a produzirem atividades desportivas de fraca qualidade. Perante esta realidade económica a maior parte da população portuguesa prefere não praticar desporto. Segundo os princípios indicados no capítulo o Estado tem uma ação insubstituível no desenvolvimento do desporto nacional.
Por fim, o IV capítulo realça a importância das instituições privadas e públicas a fim de garantir os melhores resultados desportivos nacionais. O capítulo debruçando-se sobre as instituições nacionais refere que “… Na ausência de boas políticas desportivas o desporto português defrontou-se com a duplicação de organizações e de instituições desportivas a vários níveis. Encontram-se exemplos de duplicação na criação de federações com atividades semelhantes e, por vezes, se juntam quando chegam os tempos de crise e há que racionalizar o uso de recursos escassos. As várias organizações privadas de topo como o COP, a CPP e a CDP consomem recursos e meios públicos e associativos sem um benefício da regulação política que tenha impactos positivos na prática desportiva da população.
A diferença entre a Europa e Portugal é a fragmentação institucional, sem utilidade desportiva, económica e social. Os resultados desportivos caíram na última década em vez de crescerem. A tendência atual é acompanhada pelo imobilismo da política desportiva. Os países do Norte e Centro europeu reforçam e melhoram as suas instituições e Portugal nunca o faz, destrói e nivela por níveis mais baixos de resultados desportivos. O modelo alemão será o mais interessante por separar o Estado do associativismo desportivo e por reforçar este último. …”
João Paulo Rocha, Presidente da Federação de Ginástica de Portugal declarou “Sinto uma enorme honra e satisfação por ter sido possível editar o livro "O desenvolvimento do Desporto: Gestão, economia, regulação" e, bem assim o mesmo ter dado o mote para o seminário que se realizou na sede do COP.
Impõe-se um agradecimento especial ao IPDJ e Fundação do Desporto que financiaram estas ações, mas também ao apoio desde a primeira hora por parte do Sr. Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, do Sr. Presidente da Confederação do Desporto de Portugal e, claro, do Sr. Presidente do Comité Olímpico de Portugal que acabou por ser o anfitrião deste seminário.
O seminário decorreu com intervenções de grande qualidade e profundidade. Espera-se que este possa ter sido o primeiro passo de uma discussão alargada sobre as soluções e encontrar para que a população portuguesa pratique mais Desporto e, também, para nos tornemos mais competitivos internacionalmente afirmando o Desporto como um verdadeiro desígnio nacional.”