- Seleção portuguesa começou o dia a vencer o par
- Grande forma de Jiri Lehecka decidiu eliminatória
Portugal perdeu, este domingo, com a Chéquia por 3-1 e falhou o apuramento para a fase final da Taça Davis by Rakuten pela primeira vez na história. A seleção nacional masculina voltará, em setembro, a jogar a eliminatória do Grupo Mundial 1.
Em desvantagem após os dois encontros de singulares da jornada inaugural, Portugal precisava de vencer o encontro de pares e começou o dia a celebrar: novamente lado a lado num palco de boas memórias, Nuno Borges e Francisco Cabral derrotaram Tomas Machac e Adam Pavlasek em duas partidas, por 7-5 e 7-6(4), e pintaram de esperança as bancadas lotadas do Complexo Municipal de Ténis da Maia.
O encontro foi longo (2h13) e muito disputado do início ao fim, com o equilíbrio a manter-se (Borges e Cabral venceram 99 pontos, mais sete do que os adversários) e o apoio do público português a ajudar a dupla nortenha a celebrar a primeira vitória lusa do fim de semana.
Depois, João Sousa tentou contrariar o favoritismo de Jiri Lehecka, mas o checo, número 39 mundial após um Australian Open brilhante que o viu atingir os quartos de final, voltou a demonstrar ser o jogador em melhor forma ao longo do fim de semana e triunfou com os parciais de 6-4 e 6-1. Assinada em 1h25, a vitória selou a eliminatória e "enviou" a Chéquia para a fase final da Taça Davis by Rakuten.
Quanto a Portugal, voltará a jogar, em setembro, a eliminatória do Grupo Mundial I (a mesma na qual derrotou o Brasil há sensivelmente cinco meses) com o objetivo de regressar a esta ronda de acesso à fase final da competição.
João Sousa: "Não há muito a dizer, sinto deceção e frustração. Mas quer eu, quer a equipa demos tudo o que tínhamos. Só que eles jogaram bem e foram melhores do que nós. Acreditámos que podíamos dar a volta, mas não foi isso que aconteceu. É triste porque sempre disse que jogar o Grupo Mundial é um grande objetivo. Não é uma obsessão, mas é um objetivo e estar tão perto e não poder jogar a equipa como gostaria é frustrante."
Nuno Borges: “Se estivesse 1-1 no final do primeiro dia, se eu tivesse jogado um bocadinho melhor e se tivesse desgastado mais o meu adversário acho que podia ter sido diferente, mas isto não é só querer. Ninguém queria isto mais do que eu, quanto muito queriam o mesmo, e no par joguei mesmo como se não tivesse mais nenhum encontro pela frente.”
Francisco Cabral: “Tanto o Nuno como o João deram tudo o que tinham. Ao partirmos para o segundo dia a perder por dois a zero estávamos obrigados a ganhar o par para nos mantermos vivos e talvez tenha sido por isso que começámos mais tensos e nervosos, mas fizemos o que toda a gente faz, tanto os que jogaram como os que não jogaram, o fisioterapeuta, o preparador físico e os treinadores: demos tudo o que tínhamos. É muito difícil dizer que temos de sair de cabeça erguida, mas demos tudo o que tínhamos e só nos faltou ganhar.”
Rui Machado, capitão de Portugal: “Não só tenho orgulho no grupo, como tenho orgulho na forma como chegaram aqui, com muita disponibilidade e muito profissionalismo. Para mim é um orgulho enorme, com este nível de jogadores, ter a possibilidade de ter este entendimento seja a treinar, seja a jogar e sentir que competem comigo. Viemos aqui para tentar fazer história e demos o nosso melhor. Tentámos tudo por tudo e passámos essa mensagem. Só nos faltou uma única coisa, que foi ganhar.”
“Não fizemos história ao passar ao Grupo Mundial, mas vamos fazendo história a jogar com um estádio cheio. A Maia era grande para nós, agora já é ajustada à nossa equipa e isso também é fazer história para o ténis português”, concluiu o algarvio de 38 anos.
Vasco Costa, presidente da Federação Portuguesa de Ténis: “A vontade deles de passarmos ao Grupo Mundial é tão grande ou maior do que a minha e isso cria uma pressão extra. Diria que esta eliminatória era equilibrada há duas ou três semanas, mas deixou de o ser quando o melhor jogador deles foi aos quartos de final do Australian Open, o que fez com que chegasse aqui com uma confiança fora do normal. Obviamente que partirmos para o dia de hoje com uma desvantagem de 0-2 complicou a nossa missão, porque estando a jogar em desvantagem a pressão vem para o nosso lado e isso muda tudo.”
“Quero agradecer em primeiro lugar ao público, que foi fantástico, aos nossos jogadores, que deram tudo, à comunicação social que apareceu em força e à minha equipa, que tem feito organizações fantásticas aos mais variados níveis de provas. Estou muito contente por isso e pelo reconhecimento do trabalho que temos feito, mas triste pela derrota”, concluiu o dirigente.
Fotos: Miguel Pinto/FPT