- Pedro Araújo segura bandeira nacional e volta a atuar esta quarta-feira
Jaime Faria, Henrique Rocha e Gastão Elias foram eliminados na primeira ronda do Indoor Oeiras Open 3 e deixaram Pedro Araújo como único representante português no último de três torneios do ATP Challenger Tour organizados de forma consecutiva pela Federação Portuguesa de Ténis na nave de campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor.
De volta a casa depois da experiência mais memorável da carreira, Jaime Faria (125.º ATP) não conseguiu ser feliz no primeiro encontro do ano em Portugal e perdeu por 6-3 e 6-2 com o suíço Marc-Andrea Huesler (163.º).
O encontro da primeira ronda do Indoor Oeiras Open 3 aconteceu exatamente uma semana após o mediático e histórico duelo com Novak Djokovic na segunda ronda do Australian Open em plena Rod Laver Arena.
Agora no Court 1 da nave de campos cobertos do Jamor que trata como segunda casa, a nova coqueluche do ténis nacional encarou um dos oponentes mais difíceis da primeira ronda, um ex-47.º do ranking e vencedor do ATP de Sófia em 2022 (também em piso rápido indoor), e despediu-se ao cabo de 60 minutos.
Muito desafinado no serviço, provavelmente a arma principal do arsenal do luso de 21 anos, Faria apenas colocou 49% de primeiros serviços, amealhou 37% de segundas bolas e disparou seis duplas faltas para três ases. Pelo contrário, do outro lado da rede o helvético de 28 anos não perdeu o serviço (salvou dois break points no jogo inaugural do segundo set) e só cedeu mesmo 11 pontos quando realizou a pancada de serviço, atirando sete ases em todo o duelo.
“Não estive a 100%, dói-me o joelho esquerdo e no serviço custou-me um bocadinho. Não consegui ter boas percentagens, estava a forçar um bocado a coisa, mas decidi ir até ao fim do jogo. Não sei se foi a melhor decisão, mas ele teve o seu mérito”, explicou no final, acrescentando que "um torneio em casa com 100 pontos em jogo é demasiado bom para não se jogar.”
Para Jaime Faria segue-se a deslocação ao Mónaco para a eliminatória da Taça Davis programada para os dias 1 e 2 de fevereiro, o mesmo foco de Henrique Rocha, também eliminado nesta quarta-feira.
Numa reedição da segunda ronda do qualifying de Wimbledon de 2024, Mark Lajal (235.º da tabela ATP, vindo da fase de qualificação) voltou a impor-se, neste caso com os parciais de 3-6, 6-2 e 7-6(5) ao cabo de 2h32, para colocar um ponto final na curta campanha do jovem de 20 anos.
Num duelo de muito boa qualidade, os detalhes fizeram a diferença. O número três nacional apareceu a jogar vários furos acima da semana passada (cedeu na segunda ronda depois de dispor de cinco match points) e “encaixou” bem no jogador natural de Tallin.
De um lado, Rocha mais sólido no início das jogadas e sempre a tentar imprimir a veloz direita à mínima chance. Do outro, Lajal a conquistar pontos mais facilmente com o serviço e a encurtar a duração das trocas de bola constantemente, muitas delas concluídas na rede.
O mais velho (21 para 20 do português) foi o que criou mais oportunidades para deslocar no marcado no parcial decisivo, mas o portuense aguentou-se inicialmente e passou para a frente com 4-2. Só que num abrir e fechar de olhos foi o tenista de leste quem ficou a servir para o triunfo, vantagem imediatamente reposta por Henrique Rocha para levar o compromisso ao tie-break. No “mata-mata”, Lajal esteve sempre na frente ao aproveitar alguns erros não forçados e acabou por marcar encontro com o japonês Yasutaka Uchiyama, carrasco de Christopher Eubanks.
"Foi sem dúvida um encontro complicado para mim. A meio do segundo set podia ter aproveitado a vantagem com que estava para tentar passar para a frente no marcador, vinha de um primeiro set com muito bom nível, mas a partir do momento em que levei o break não foi tão bom. E depois, no terceiro, lá está, foi uma guerrazinha e acabou por ser decidido no tie-break. Acho que [se resolveu] mais com alguns erros meus do que propriamente… também mérito dele por me ter obrigado a fazer esses erros", reconheceu antes de apontar como objetivo para os próximos tempos "manter o nível a que estou a jogar neste momento."
Horas antes, a comitiva lusa também já tinha ficado sem Gastão Elias. Longe do nível apresentado para bater o ex-número 21 mundial Daniel Evans há uma semana, o recordista nacional de títulos (10) e finais (23) no ATP Challenger Tour — a última há sensivelmente um ano precisamente neste palco — apresentou-se apático e perdeu com o qualifier cazaque Beibit Zhukayev (244.º) por 6-3 e 6-2.
“Não foi dos melhores encontros que fiz aqui. Acho que as coisas alinharam-se para que corresse bastante mal. Ele é um jogador que me dá muito pouco ritmo, eu não estava propriamente num dos melhores dias e se calhar precisava de mais ritmo para entrar no jogo e começar a sentir-me confortável. Não estava a sentir bem a bola, estava com dificuldades só para meter a bola dentro e havia bolas em que sentia que não tocava na bola e ela fugia quatro metros para fora, havia outras em que eu sentia que batia com intensidade e quase batiam no court antes de ficarem na rede… foi um dia menos bom”, desabafou o mais velho dos tenistas portugueses em atividade (34 anos) na despedida do Jamor.
Reduzida a Pedro Araújo nos singulares (o lisboeta disputa a segunda ronda com Liam Draxl a partir das 12h55 desta quinta-feira), a representação portuguesa chegou ao fim na variante de pares.
Primeiro com a desistência de Jaime Faria e Henrique Rocha devido à lesão do primeiro, depois com a queda de Pedro Araújo ao lado de Matej Dodig por 6-2 e 7-6(6) para Liam Draxl e Cleeve Harper e finalmente com a derrota de Gastão Elias e Tiago Pereira. Os dois tenistas da casa — que têm 13 anos de diferença — ainda anularam três match points no segundo set, mais quatro no match tie-break e pelo meio tiveram duas oportunidades de surpreenderem os primeiros cabeças de série, mas acabaram por perder pelos parciais de 6-4, 6-7(5) e 16-14 com o neerlandês Matwe Middelkoop e o ucraniano Denys Molchanov.
Fotografias: Beatriz Ruivo/FPT