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1ª Prova do Sal

Quando infelizmente se extinguem provas alegadamente por falta de verbas, apoios e meios, nasce e surge a Prova do Sal. Inovadora, fresca e molhada, a 1ª Prova do Sal, sob a organização da Associação Alcochete Aktivo, com o apoio da Câmara Municipal de Alcochete, Junta de Freguesia de Alcochete, Junta de Freguesia do Samouco, Águas Vimeiro, Salinas do Samouco e Lebres do Sado, decorreu na manhã de 17 de Junho de 2012,em Alcochete, na margem esquerda do Rio Tejo, na linha da água do rio, bem junto a este, em piso de areia molhada e por vezes pedras e algas.
 
Com um blogue de apoio, toda a informação necessária foi divulgada com  dinamismo, onde se facilitava a inscrição (de custo EUR 8,00), e onde as classificações foram prontamente divulgadas após a prova.
 
A prova, com um número limite de 200 participantes, acabou por ter cerca de centena e meia de atletas chegados à meta, número que não se aconselha ultrapassar muito mais, pois o retorno pode-se tornar complicado com os primeiros atletas a cruzarem-se com os outros.
 
A distância da prova (cerca de 8,950 Km) ficou bastante aquém da anunciada (10 Km).
 
A entrega de dorsais foi perfeitamente regular, e a animação no local da Partida era patente. A Praia dos Moinhos foi o palco da partida (e também da Meta), que foi dada a horas por uma simples mas funcional fita. O piso era areia molhada, com muitas conchas mortas e vazias, e muitos caranguejos vivos e irrequietos. Algumas pedras mais à frente, zonas com muitas algas e piso bastante molhado, mas sempre a areia molhada e plana a permitir-nos avançar com ritmo, assim o tivéssemos. O retorno faz-se já depois de se passar por baixo da Ponte Vasco da Gama. Abastecimento de água, e uma muito original e feliz ideia: a fita de controlo que era um colar com uma conchinha enfiada, mas infelizmente e encantadoramente a muitos atletas foi dito que não valia a pena levarem e para seguirem, porque as fitas se embaraçaram umas nas outras de tal forma que não se conseguiam separar e retirar uma que fosse...Foi pena pois seria uma bela recordação que muitos atletas não tiveram.
 
Alguns membros da organização pelo percurso, alguns transeuntes e está-se de novo na Praia dos Moinhos, onde se corta a Meta, delineada por dois corta ventos enterrados na areia e grades. Somos gentilmente recebidos, e recebemos água e Sal, e temos à disposição laranja e banana, não esquecendo a t-shirt de algodão que já nos tinha sido entregue aquando da entrega do dorsal.
 
Há balneários à disposição e os prémios por classificação: Flor de Sal para os 3 primeiros de cada escalão, são entregues no local, com relativa rapidez e dinamismo.
 
A prova, que correu bem, mostra um empenho invulgar, meritório dos mais sinceros aplausos, sendo no entanto um evento a raiar o familiar, mas também talvez precisamente por isso, se detectar um carinho especial com que os atletas são tratados.
 
Uma prova nova, que se deseja tenha nascido para ficar.
 
Vencedores na classificação geral:
 
Masculinos: 1º lugar - Paulo Marques do Clube Praças da Armada com 00:32:30
 
Femininos: 1º lugar Verónica Correia - Individual, com 00:40:07 
 
 
Ana Pereira
 
 
A minha prova
 
O Rio Tejo, a Margem Sul, Lisboa na outra margem, a água do rio a molhar-me os pés e os caranguejos a atravessarem-se à minha frente. Uma temperatura amena, um céu cinzento, com um sol a aparecer mais para o final. Os pés a enterrarem-se na areia molhada em cada passada, eu e a água, o rio, os amigos que correm comigo, os que ficam "em terra" e ainda assim estão comigo. Nunca tinha estado tão perto do Tejo, tão dentro do Tejo nem o Tejo tão dentro de mim. Perguntem aos meus ténis se não foi assim, seria esta uma oportunidade para me despedir deles...
 
Sinto-me bem de cabeça e alma, mas o corpo está desconfortável, experimenta a lembrança de correr depois de uma semana parada, e doí-me a perna. Tenho duas. Uma doí, a outra não. Aguento. Corro com a direita e apenas transporto a esquerda. Sorrio e finjo que vou bem também fisicamente mas é mentira. Eu, o Pinho, o Sousa e um companheiro de circunstância (que acabou por ficar comigo até à meta). O Pinho também não está bem. Mas aguenta, como eu. Seguimos juntos, grande parte do percurso em fila indiana. Um escolhe o melhor caminho (areia mais firme) e os outros seguem-no. Por mais que uma vez ia ficando com os ténis presos no areal a parecer lodo. Mas o cheiro a maresia é constante e dá-nos ânimo. No retorno, verifico logo que a prova não ia ter os 10 Km e parece que me sinto com mais força. Bebo água e avanço agora com mais energia. E lamento não ter tido o colar com a conchinha... pois estavam todos emaranhados e presos uns nos outros... Mas sorrio diante das palavras e dos gestos da rapariga a desculpar-se atrapalhada ... Acontece, penso. E logo sigo. Mas fico com alguma pena de não ter sido presenteada com o dito colar, assim fiquei "apenas" com a vivência e essa, é, no meu ponto de vista, o mais importante dos "prémios". Sigo. O Sousa acompanha-se com toda a facilidade e até puxa por mim, o nosso novo companheiro segue-nos de perto, mas o Pinho ficou para trás. Como na Vida, na Corrida também abandonámos e somos abandonados. Tal e qual como na Vida. E tal e qual como na Vida, é perfeitamente compreensível e acabámos por nos reencontrar no final num abraço fraterno depois de cada ter percorrido o seu caminho ao seu ritmo e é mesmo assim que tem de ser. Às vezes acompanhamos e somos acompanhados, outras vezes temos mesmo de seguir o nosso caminho sozinhos. Mas eu acabo por acusar o esforço do "arranque" e quebro. Ainda passo uma atleta, mas já vou em dificuldades. O Sousa continua para a frente e já só o vejo a muitas dezenas de metros de mim. E sigo junto com o companheiro de hoje. Acabámos juntos e agradecemos a companhia casual, sem por isso deixar de ter sido importante e fundamental para o desenrolar da prova. Tudo é importante e tudo faz a diferença. Por fim a Meta instalada na areia seca que custa a enfrentar nestes últimos passos. Mas corto a meta! A correr! Os meus fotógrafos, os rostos conhecidos de amigos, dão-me água e um saco de sal, tenho fruta à disposição e saio dali feliz e contente, por ter adicionado mais um pouco de sal à minha vida. Obrigada Prova do Sal. Para o ano quero de novo te provar! 
 
Maria Sem Frio Nem Casa 

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