Novas exposições resultam do envolvimento de centenas de crianças, idosos, artistas e técnicos, e inauguram em junho na Casa da Memória de Guimarães e no Centro Internacional das Artes José de Guimarães
Em Guimarães, fazem-se largos os abraços da arte e da cultura às novas gerações por via dos projetos "Pergunta ao Tempo" e "Lições Iluminadas"
Lições Iluminadas nas escolas © direitos reservados
Neste mês de junho, a Casa da Memória de Guimarães (CDMG) e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) irão revelar os frutos resultantes de dois projetos de continuidade que envolveram os 14 agrupamentos escolares do município de Guimarães, associações locais e um coletivo de artistas, juntos pela e com a equipa de Mediação Cultural d'A Oficina.
Contando com a colaboração próxima, ao longo do mais recente ano letivo, de centenas de crianças, idosos, professores, técnicos e artistas, a 9ª edição do 'Pergunta ao Tempo e a 6ª edição do Lições Iluminadas, abrem as suas janelas ao mundo, a partir de Guimarães, através da inauguração das exposições "Colher o Tempo - Plantar pensamento em comunidade" (11, 12 e 13 junho, 10h30 e 14h00) e "Mão-Cheia" (17 e 18 junho, 10h30 e 14h00), respetivamente, podendo depois ser visitadas gratuitamente até 21 de setembro.
Momentos inaugurais dos projetos artísticos promovidos pelo serviço de Educação e Mediação Cultural d'A Oficina contam com presença dos respetivos participantes, nomeadamente cerca de 300 crianças dos 14 agrupamentos escolares do município de Guimarães.
Nesta 9ª edição do Pergunta ao Tempo – projeto artístico e comunitário intergeracional, de interpretação patrimonial, desenvolvido anualmente pela equipa de Mediação Cultural d’A Oficina no âmbito da programação da Casa da Memória de Guimarães desde o seu ano inaugural (2016) –, impulsionados por uma prática artística e de investigação sobre comunidades de plantas e comunidades locais, o Coletivo Palma (Catarina Braga e Miguel Ângelo Marques) propôs-se trabalhar a partir do património natural de Guimarães, articulando-o com a história da produção têxtil no território: das suas relações de memória, aos saberes, usos e tradições locais.
Assim, a partir de saberes locais e técnicas – como o bordado de Guimarães –, trabalharam a memória das pessoas, o seu património pessoal, desde os vários locais espaciais e temporais da cidade às possibilidades infinitas das nossas imaginações. Ao trabalharem diretamente com as plantas e a matéria recolhida nos espaços e imediações das escolas e instituições – tocando temáticas como a memória, plantas autóctones, herbário, natureza, património natural, plantas endémicas, indústria têxtil, linho, algodão –, traçaram um mapeamento natural das espécies no território, dando a conhecer as suas características e classificações naturais nos vários locais do concelho de Guimarães.
Desta jornada – com direção criativa e curadoria do Coletivo Palma e coordenação e mediação de Marta Silva (Mediação Cultural d'A Oficina) – iniciada a partir do contexto da indústria têxtil vimaranense e a consequente ligação ao património cultural, para além de visitas e oficinas, resulta esta exposição final, com criações que coabitam e dialogam com o próprio espaço museológico da Casa da Memória.
A exposição "Colher o Tempo - Plantar pensamento em comunidade", na Casa da Memória de Guimarães, mostra os resultados que todos os participantes foram produzindo ao longo do projeto, através de uma prática artística comunitária onde foram envolvidas 7 turmas do 4º ano e 6 associações locais com quem o Coletivo Palma foi trabalhando ao longo do ano letivo, proporcionando um lugar de encontro intergeracional, entre 120 crianças, 7 professores, 108 idosos e 6 técnicos, tendo cada grupo de crianças trabalhado em cocriação com os idosos e o coletivo de artistas. Nas oficinas (de criação artística, de papel, de recolha de cores, de bordado, de manifestos) que foram realizadas ao longo do projeto, o objetivo foi o de estimular a atenção e o cuidado com as plantas que estão presentes à nossa volta, por um lado, e de procurar lugares de criação artística a partir destas, por outro. Na exposição figurarão os objetos criados com diferentes expressões e técnicas artísticas, cruzando as visões diversificadas de cada grupo e colocando as peças, os saberes e as experiências em diálogo.
No que toca à 6ª edição do Lições Iluminadas – projeto artístico desenvolvido anualmente pela equipa de Mediação Cultural d’A Oficina no âmbito da programação do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, procurando unir e colocar em diálogo o lugar da Escola com o lugar do Museu, para gerar novos espaços de pensamento e experiência –, “Mão-Cheia” lança-se ao jogo, à diversão e à imaginação propondo uma experiência múltipla e participativa, que transforma o museu num espaço lúdico, de criação e experimentação. A importância de brincar é aqui tomada como ponto de partida, não apenas enquanto experiência individual, mas como um processo coletivo que atravessa o pensamento artístico e as dinâmicas sociais. O projeto Lições Iluminadas envolve cerca de 300 crianças de catorze escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico, uma de cada agrupamento de Guimarães, que nesta edição, ao longo de várias sessões durante o ano letivo, exploraram a ideia do jogo como forma de expressão e aprendizagem. A exposição reúne os vestígios deste processo, materializando num mesmo espaço os gestos, os desenhos, os objetos e os percursos criados. Entre elementos suspensos, sobre mesas e no chão, “Mão-Cheia” convoca a sorte, a criatividade e a imaginação coletiva, fazendo do museu um território aberto à experimentação.
Enquanto projeto artístico que se faz a partir de um museu, a experimentação na relação com a sensibilidade estética da criança é a base estrutural do "Lições Iluminadas". Estreitam-se assim relações entre o mundo real, o mundo sensível, a criança e, consequentemente, a linguagem artística e os objetos museológicos. Concretizada em 2024-2025, a 6ª edição do "Lições Iluminadas" – subintitulada “Mão-Cheia” – foi construída através de um processo criativo contínuo e colaborativo, com a coordenação e mediação de João Lopes (Mediação Cultural d'A Oficina) e com direção criativa e curadoria da artista convidada Luísa Abreu, desenrolando-se com visitas à coleção permanente do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) e oficinas no espaço da sala de aula de cada uma das escolas, transformado especialmente para estes momentos. Todo o processo resultante é agora exibido numa exposição coletiva no Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
Os resultados destes projetos artísticos de longo curso levados a cabo em Guimarães serão assim expostos na Casa da Memória de Guimarães (CDMG) a partir de 11 de junho e no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) a partir de 17 de junho, ficando ambos patentes para visita gratuita até 21 de setembro, de terça a domingo, das 09h30 às 13h30 e das 14h30 às 18h30.
De lembrar que a Casa da Memória de Guimarães e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães – e as suas várias exposições – podem ser regularmente visitados por público de todas as idades, encontrando-se a informação respeitante aos mesmos e respetiva programação disponível online em www.aoficina.pt, www.casadamemoria.pt e www.ciajg.pt.